Inovação Sustentável na Indústria da Moda: A Revolução do Biotecido de Angico
A ciência frequentemente surge da inquietação dos cientistas. A startup Mabe Bio é um exemplo claro dessa dinâmica. A designer de moda Marina Belintani transformou sua preocupação com o elevado impacto ambiental da indústria da moda em uma solução inovadora. Sua experiência e descontentamento com o crescente número de resíduos gerados no setor motivaram um projeto de pesquisa no Royal College of Art, em Londres, focado em biomateriais e alternativas sustentáveis a partir da biodiversidade brasileira.
Durante sua residência no fundo global de capital de risco Antler, Belintani se uniu à empreendedora Rachel Maranhão, CEO da Mabe, cuja visão estratégica complementou o conhecimento técnico de Belintani. A parceria resultou no desenvolvimento do biotecido de angico, um material feito com plantas nativas do Brasil. O angico, conhecido por várias espécies de árvores tropicais, é valorizado por sua madeira e é comumente usado em projetos de reflorestamento devido ao seu crescimento rápido.
A Mabe Bio é apoiada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP e será uma das dez empresas a apresentar sua tecnologia na VivaTech, um dos maiores eventos de startups da Europa, em junho em Paris. Esse evento representa uma vitrine internacional para a ciência brasileira, buscando conexões com investidores e promovendo a inovação como uma solução para desafios ambientais globais.
O Biotecido como Solução Sustentável
O material desenvolvido pela Mabe Bio é mais do que um substituto para o couro tradicional; é uma resposta sustentável aos problemas ambientais atuais. Maranhão explica que o objetivo da startup é substituir materiais poluentes por soluções com um impacto positivo e regenerativo, utilizando a rica biodiversidade brasileira.
A proposta da Mabe Bio também inclui uma reinvenção do processo produtivo, reimaginando a relação entre tecnologia, natureza e indústria. Para criar um biomaterial, é necessário repensar toda a cadeia produtiva, o que traz desafios técnicos e uma compreensão profunda das demandas do mercado. Embora a tecnologia ainda esteja em desenvolvimento, a startup pretende oferecer um material com vantagens competitivas.
Filosofia de Sustentabilidade
A Mabe Bio adota uma filosofia de sustentabilidade que busca não apenas a criação de um material alternativo, mas também a transformação sistêmica na produção e consumo. O angico simboliza essa visão, respeitando ecossistemas enquanto oferece uma alternativa viável aos materiais poluentes.
O mercado global de materiais alternativos está em expansão, com marcas como Adidas e Nike buscando soluções sustentáveis. A Mabe Bio posiciona-se nesse contexto, desenvolvendo um material escalável e competitivo, destacando o potencial transformador da inovação brasileira.
Projeções Futuras
As expectativas para os próximos anos são promissoras. Maranhão prevê que, até 2030, materiais alternativos como o angico ocuparão uma parte significativa do mercado. No entanto, ela ressalta que essa transformação será gradual, envolvendo conscientização e escolhas sustentáveis.
Com parcerias estabelecidas com instituições como a USP, Insper e Sebrae, a Mabe Bio está bem posicionada para enfrentar desafios globais. A startup foi selecionada pelo Programa Centelha e recebeu prêmios que validam sua abordagem inovadora.
A Mabe Bio é um exemplo de como a ciência pode promover uma economia local e global, demonstrando que soluções inovadoras e sustentáveis podem surgir da rica biodiversidade brasileira.
Informações da Agência FAPESP