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Memórias do Sertão Nordestino: Secas e Abundâncias na Perspectiva de Antigos Moradores

3 Min

A literatura e a historiografia frequentemente retratam o sertão nordestino como um espaço de miséria e abandono. Contudo, uma pesquisa do antropólogo Renan Martins Pereira, realizada por meio de entrevistas com vaqueiros e ex-moradores da área rural de Floresta, Pernambuco, revela uma perspectiva contrária: recordações de um tempo de fartura, marcado por “mais peixes nos rios, mais árvores na caatinga e mais alimento na mesa”.

Pesquisa sobre Secas e Abundância

A pesquisa de Pereira, que começou em 2016 e se estendeu durante a pandemia, busca ressignificar as épocas de seca e abundância como categorias que coexistiam, distantes das condições climáticas atuais. “A fartura que os mais velhos evocam não é uma idealização, mas sim uma crítica ecológica ao presente”, enfatiza. “Quando afirmam que antes havia mais fartura, estão sinalizando o que foi perdido”.

Artigo Publicado e Relevância Ecológica

O trecho do estudo que resultou no artigo "ing Droughts and Abundance: Ecological Memory in the Semi-arid Region of Northeast Brazil", publicado na revista Anthropologica, examina como essa memória coletiva dos habitantes mais velhos articula a escassez e a abundância. “Os depoimentos indicam uma biodiversidade anteriormente abundante, com vegetação nativa preservada e rebanhos maiores”, comenta o pesquisador.

Transformações no Sertão Nordestino

Antigos vaqueiros, como Zé Ferraz e Cirilo Diniz, descreveram um sertão com gado robusto e solos férteis. No entanto, essa memória não evoca apenas nostalgia, mas também serve como um alerta sobre a degradação ambiental. As mudanças no uso da terra e a urbanização transformaram drasticamente o modo de vida no sertão. “O êxodo rural diminuiu a interação com a Caatinga, e as práticas tradicionais estão desaparecendo”, ressalta Pereira.

Atualmente, muitos residentes percebem que as secas se tornaram mais severas e prolongadas. “As estações tornaram-se irregulares, rios secaram e peixes desapareceram. Essa mudança é climática, econômica e social”, afirma.

Memória Ecológica e Futuro

Pereira se baseia no conceito de “duração”, de Henri Bergson, para entender como as memórias influenciam a percepção do presente e projetam futuros possíveis. “A memória não é um arquivo estático, mas uma força viva que molda como percebemos nossa relação com a natureza”, explica.

Fartura e Relação com a Terra

“A fartura lembra não somente a quantidade de comida, mas também o respeito pelos ciclos naturais e a segurança de um ambiente previsível”, conclui Pereira. Hoje, muitos habitantes do sertão sentem que essa fartura foi perdida, trazendo lições valiosas sobre a interdependência entre humanidade e natureza.

A pesquisa recebeu apoio da FAPESP por meio de bolsa de pós-doutorado e faz parte do Projeto Temático “Artes e semânticas da criação e da memória”, coordenado por Fernanda Arêas Peixoto.

o ao Artigo

O artigo "ing Droughts and Abundance: Ecological Memory in the Semi-arid Region of Northeast Brazil" pode ser ado aqui.

Informações da Agência FAPESP

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