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O Eternauta: A série da Netflix com origem em uma tragédia

5 Min

A série "O Eternauta", lançada recentemente pela Netflix, conquista o público ao adaptar uma das obras mais importantes da ficção científica latino-americana. Protagonizada por Ricardo Darín no papel de Juan Salvo, a produção é baseada na graphic novel criada em 1957 por Héctor Germán Oesterheld e ilustrada por Francisco Solano López. A trama mistura elementos de distopia, invasão alienígena e a luta pela sobrevivência em uma Buenos Aires devastada por uma nevasca mortal.

Além da profundidade narrativa, esta adaptação se destaca nas redes sociais por conta da tragediante história real que envolveu seu autor. O roteiro original de Oesterheld é considerado um marco na literatura gráfica. No entanto, sua vida e a de seus entes queridos foram cruelmente interrompidas durante a sombria ditadura militar que assolou a Argentina.

Em "O Eternauta", a população enfrenta uma tempestade de neve tóxica que extermina todos os que entram em contato com os flocos. O protagonista, Juan Salvo, luta para proteger sua família enquanto se une a outros sobreviventes. Eles enfrentam não apenas o elemento natural, mas também a invasão de forças estrangeiras hostis. Este enredo instigante oferece um panorama sombrio de uma realidade distorcida.

Publicada pela primeira vez em 1957, a HQ é reputada como uma obra-prima dos quadrinhos latino-americanos, tanto pela narrativa rica quanto pelo contexto histórico e político em que foi criada. A crítica social subjacente na obra de Oesterheld ganha especial relevância quando examinada à luz das brutalidades que marcaram a época da ditadura.

A tragédia da vida de Oesterheld é tema central em muitas discussões sobre a obra. Héctor Germán Oesterheld era mais que um roteirista talentoso; ele atuou como um militante político contra a ditadura militar argentina nos anos 1970. As suas ações corajosas o tornaram alvo do regime autoritário que controlava o país. Em 1977, Oesterheld foi sequestrado. Sobreviventes de centros de detenção, como El Vesubio e Campo de Mayo, relataram que ele continuou escrevendo mesmo sob forte tortura.

Infelizmente, Oesterheld não sobreviveu a essa época sombria. Seu corpo foi desaparecido e indícios apontam que ele poderia ter sido assassinado no fim de 1978. A repressão nesta época também atingiu sua família de forma alarmante. Suas quatro filhas — Diana, Beatriz, Marina e Estela — foram sequestradas e assassinadas, contribuindo para um dos capítulos mais trágicos de sua vida pessoal e profissional.

Diana, a filha mais velha, estava grávida quando foi sequestrada. Antes de ser executada, ela teria dado à luz, mas o destino do bebê permanece um mistério, fazendo parte das investigações pelos embates promovidos pelas Abuelas de Plaza de Mayo. Genros e outros membros da família Oesterheld também foram eliminados, refletindo um plano sistemático de longo alcance para erradicar aqueles que resistiam ao regime.

Este horrendo assassinato familiar se transformou em um dos símbolos mais violentos da repressão na Argentina entre 1976 e 1983. A arte produzida por Oesterheld, entretanto, sobreviveu ao regime e conquistou um reconhecimento internacional significativo, sendo um poderoso símbolo de resistência cultural.

A série "O Eternauta" no streaming da Netflix busca, portanto, não apenas entreter, mas também convidar o público a refletir sobre os eventos históricos que marcam a narrativa. A primeira temporada, agora disponível, expõe a importância de se manter viva a memória de Oesterheld e de sua família, destacando a capacidade da arte de resistir e de ressignificar tragédias.

Ao se deparar com "O Eternauta", o espectador é instigado a aprofundar-se em questões que vão além da ficção científica. É convocado a perguntar: como resistir a realidades abomináveis? Portanto, a adaptação da Netflix captura suas origens em muito mais que uma simples história de sobrevivência ou aventura; transforma-se numa narrativa de resistência, dor, memória e, principalmente, de esperança.

Assim, "O Eternauta" não apenas narra ficção, mas reviverá histórias que precisam ser recontadas, homenageando Oesterheld e todos que sofreram em silêncio durante aquele período repressivo.

A série é uma verdadeira vergonha na face da repressão, fazendo do ato de contar e de ouvir novamente uma veículo essencial para a verdade, enquanto demonstra a força da arte num contexto de extrema adversidade.

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