Avanços e Desafios na Vacinação contra a COVID-19
Um estudo publicado na revista Pathogens revela os avanços na vacinação contra a COVID-19 e discute estratégias futuras para aumentar a eficácia das vacinas frente às novas variantes do vírus.
Importância da Pesquisa em Vacinologia
A pesquisa, coordenada por Sergio Costa Oliveira do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), indica que, apesar de os imunizantes atuais terem reduzido significativamente os casos graves da doença, o surgimento constante de novas variantes traz desafios que exigem soluções inovadoras.
Variantes e Eficácia das Vacinas
A variante ômicron (B.1.1.529), identificada em novembro de 2021, apresentou mais de 30 mutações na proteína Spike. Isso favoreceu o escape imunológico, aumentando sua transmissibilidade e diminuindo a eficácia das vacinas baseadas nessa proteína. O estudo destaca que a dependência excessiva da Spike como alvo imunogênico limita a eficácia a longo prazo.
A pesquisa mostra que vacinas de mRNA, como BNT162b2 (Pfizer-BioNTech) e mRNA-1273 (Moderna), apresentaram proteção inicial superior a 94%. Contudo, todas as vacinas mostraram queda significativa na resposta imunológica ao longo do tempo, evidenciando a necessidade de doses de reforço.
Imunosenescência e Necessidade de Estratégias Específicas
A resposta vacinal pode ser afetada em idosos e imunossuprimidos devido à imunosenescência, que reduz a eficácia da proteção vacinal. O artigo sugere que futuras vacinas combinem múltiplos alvos do vírus, como a proteína Nucleocapsídeo (N), que é mais estável e conservada, garantindo uma resposta imunológica duradoura.
Abordagens Promissoras para Novas Vacinas
Uma das estratégias destacadas é o uso da vacina BCG (contra tuberculose) como vetor para antígenos do SARS-CoV-2. Essa abordagem, em desenvolvimento no ICB-USP, explora a capacidade da BCG de estimular o sistema imunológico inato, além de gerar uma resposta específica contra o coronavírus.
Os testes em camundongos apresentaram proteção robusta, com a BCG recombinante induzindo tanto a produção de anticorpos neutralizantes quanto uma resposta imunológica celular ampla, crucial para a eliminação do vírus.
Oportunidades Futuras e Vacinas Intranasais
A pesquisa em vacinas istradas via intranasal pode ser uma alternativa promissora, estimulando a resposta imunológica diretamente nas vias respiratórias, que são a porta de entrada para o SARS-CoV-2. A inclusão da proteína Nucleocapsídeo poderia garantir estabilidade da resposta imunológica e reduzir a necessidade de reformulações constantes.
Conclusão
“O ideal é que futuras vacinas ofereçam uma proteção efetiva e duradoura contra a COVID-19", enfatiza Oliveira. O artigo completo, intitulado An Update on Anti-COVID-19 Vaccines and the Challenges to Protect Against New SARS-CoV-2 Variants, pode ser ado aqui.
Informações da Agência FAPESP